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O esófago localiza-se entre a faringe e o estômago e é um tubo muscular que transporta os alimentos desde a orofaringe, de uma forma não digerida, mas fragmentada, para o estômago. De um modo geral, o esófago contém as mesmas características gerais que os outros componentes do sistema digestivo, nomeadamente o facto de ser um tubo oco (de diâmetro variável) e de possuir quatro camadas distintas (mucosa, submucosa, muscular e serosa).

Camada Mucosa

A camada mucosa do esófago é composta por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado, que se encontra sobre a lâmina própria e a muscularis mucosae. A zona basal do epitélio pode ter diversas camadas de células de espessura e é constituída por células cuboides ou retangulares com núcleos escuros e citoplasma com coloração roxa, no qual não há glicogénio. Por vezes, espalhados nesta camada, podem encontrar-se melanócitos e células neuroendócrinas. Acima da zona basal, as células epiteliais são maiores e podem ser ricas em glicogénio, tornando-se gradualmente mais achatadas à medida que se aproximam do lúmen.

lâmina própria esofágica consiste num tecido conjuntivo laxo com fibras de colagénio e fibroblastos incorporados numa matriz de glicosaminoglicano acelular, com uma dispersão normal de linfócitos e eosinófilos, bem como mastócitos e células plasmáticas ocasionais.

muscularis mucosae é de espessura variável, sendo particularmente espessa na extremidade inferior, onde se aproxima da junção gastroesofágica. À medida que nos aproximamos do terço inferior do esófago, a subcamada circular interna e a longitudinal externa de músculo liso tornam-se claramente distinguíveis.

 

Camada Submucosa

camada submucosa do esófago é constituída por tecido conjuntivo moderadamente rico em vasos sanguíneos e linfáticos, podendo apresentar agregados de tecido linfóide. Contém o plexo nervoso submucoso ou de Meissner e glândulas mucosas. É uma camada espessa, na qual as glândulas mucosas secretam mucinas que protegem a mucosa, auxiliam na lubrificação e no transporte de alimentos. Cada glândula liberta o seu produto de secreção para um ducto. Este ducto penetra a muscularis mucosae, a lâmina própria e a camada epitelial, abrindo-se no lúmen. Ao redor das glândulas e dos ductos, é comum encontrar-se linfócitos, células plasmáticas e eosinófilos. 

 

Camada Muscular

camada muscular do esófago varia ao longo da sua extensão, no entanto, é constituída por fibras musculares orientadas em hélice que formam duas subcamadas (circular interna e longitudinal externa). Entre as duas subcamadas encontra-se o plexo nervoso mioentérico ou de Auerbach. No terço superior do esófago, como a primeira parte da deglutição está sob controlo voluntário, há um predomínio de feixes de músculo estriado esquelético (esfíncter superior, importante para a deglutição), existindo uma transição gradual para músculo liso ao nível do terço médio. Neste, as fibras musculares estriadas esqueléticas e lisas são encontradas juntas. As camadas de músculo no terço inferior são constituídas por músculo liso (não se define um esfíncter anatómico, apenas funcional) e são contínuas com as subcamadas de músculo liso do estômago.

Camada Serosa

Apenas a porção do esófago que está na cavidade peritoneal é recoberta por uma membrana serosa. O restante é envolvido por uma camada de tecido conjuntivo, a adventícia, que se mistura com o tecido conjuntivo circundante. 

Curiosidade:

A junção gastroesofágica é um local propenso a condições patológicas (úlceras, estenose e cancro). A doença resulta da exposição do epitélio pavimentoso estratificado do esófago inferior ao ácido e às enzimas digestivas do estômago. O epitélio pavimentoso do esófago é protegido da exposição ao ácido gástrico pelo cárdia (maior espessura muscular na transição gastroesofágica) que, na maioria dos casos, evita o refluxo do conteúdo gástrico para a parte inferior do esófago. No entanto, pode ocorrer o refluxo das secreções gástricas ácidas através do esfíncter e permitir que o ácido gástrico chegue ao esófago inferior, causando inflamação e dor. 

Sob o constante efeito do refluxo gastroesofágico, o epitélio no esófago inferior sofre metaplasia e ocorre a substituição do epitélio estratificado pavimentoso do esófago por epitélio colunar especializado do tipo intestinal. Esta condição patológica é denominada Esófago de Barrett (EB) e é um exemplo de metaplasia epitelial que apresenta alto risco de desenvolver displasia e adenocarcinoma invasivo.

Os fatores de risco para desenvolvimento do EB são os que favorecem o refluxo gastroesofágico, e incluem a hérnia de hiato, a incompetência do esfíncter inferior do esófago e o refluxo do conteúdo gastroduodenal. 

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